DERIB
(Claude de Ribaupierre)
SUÍÇA
(8/8/1944 - ? )
Desde os 11 anos de idade que Claude De Ribaupierre, cujo pseudónimo artístico é Derib, já
ocupava o seu tempo desenhando o corpo humano e o seu esqueleto, cedo se familiarizando com a anatomia humana.
Com efeito, decidido, desde os 11 anos de idade, a fazer da banda desenhada o seu meio de expressão e o
seu modo de vida futura, foi em Bruxelas que o jovem Derib se tornou profissional, com 19 anos de idade.
Para a sua formação pessoal e profissional muito contribuiu o seu pai, pintor de profissão. Na verdade, desde os tempos da escola secundária, Derib teve oportunidade de estudar seriamente e em profundidade tudo o que se relacionava com a anatomia do corpo humano, sendo este estudo estimulado, de forma exemplar, pelo pai, que lhe sugeria um exercício muito simples, o qual consistia em copiar os mestres da banda desenhada.
Tendo, assim, aprendido a arte do ofício através da cópia dos seus artistas favoritos e de livros de anatomia humana, Derib foi, no entanto, um dos poucos artistas que trabalhou na indústria gráfica durante a maior parte da sua vida. Familiarizando-se cedo com todos os géneros e desenvolvendo cada vez mais o seu talento narrativo e gráfico, Derib multiplicou, em diversos jornais e revistas europeias, criações que despertaram a atenção de todos.
Em meados da década de 60, entra para o semanário belga "Spirou", onde se estreia como desenhador. A prática do desenho obteve-a no estúdio do famoso artista Peyo (criador da famosa série "Schtroumpfs"), onde este inicia Derib nos segredos da técnica da banda desenhada, trabalhando em várias histórias dos "Schtroumpfs", as quais são publicadas na revista "Spirou". Nesta revista, Derib também desenha, durante algum tempo, diversos episódios das "Belas histórias de L'Oncle Paul", assim como cria a sua primeira série realista, em 1966, chamada "Arnoud de Casteloup", cujo argumento é escrito por Charles Jadoul.
Contudo, a habitual boa disposição e sentido de humor de Derib têm reflexos imediatos na produção de séries de carácter humorístico. Assim, a partir de 1967, Derib junta-se ao argumentista Maurice Rosy, juntos criando a série humorística sobre um cão que fala, chamada "Attila", na revista "Spirou". Por esta altura, já se manifestava em Derib a influência benéfica de dois desenhadores consagrados, Franquin e Jigé, que de resto não mais o largariam, até hoje. No entanto, Derib começa a afirmar o seu estilo pessoal, que se confirmaria em 1968, ano em que publica, juntamente com o argumentista André Jobin, uma série sobre um mocho brincalhão, chamada "Pythagore", publicada no jornal suíço "O Sapo Com Óculos".
Nesta mesma revista, Derib e o argumentista André Jobin criam, em 1970, uma série de um pequeno índio chamado "Yakari", que é, para Derib, o seu primeiro tema sobre o Oeste e, igualmente, o seu primeiro grande sucesso. O pequeno índio "Yakari" pode-se considerar como um herói que age isoladamente em plena natureza. O seu sonho é tornar-se num grande guerreiro, o que acabará por se realizar, devido à sua grande compreensão do mundo que o rodeia. "Yakari" é, pois, uma série em que o autor pretende mostrar a capacidade do homem para enfrentar a natureza, sem outro auxílio que não seja a sua coragem e inteligência.
A propósito deste seu primeiro grande sucesso (e de outros que se lhe seguiriam) alcançado através de uma série do género "western", diga-se, desde já, que Derib foi um dos desenhadores europeus que melhor retratou e descreveu o Velho Oeste e que melhor assimilou a sua atmosfera e a caracterizou com a máxima fidelidade.
Em 1971, Derib entra para a revista "Tintin", convidado pelo então chefe de redacção do semanário, Michel Greg, juntando-se, assim, a uma prestigiada equipa de artistas, onde começa por desenhar uma série do Oeste, história do género "western", com o título "Go West", com argumento escrito por Greg.
Com efeito, Greg, sentindo-se fortemente atraído pela série "Yakari", havia sugerido a Derib que concebesse uma série dedicada ao "western" e cujo argumento seria da responsabilidade do próprio Greg. É assim que nasce um trabalho de equipa que se concretiza com a história "Go West", a qual relata e retrata a saga aventureira de uma expedição familiar de emigrantes (pai, dois filhos e um cão) que se dirigem a caminho da Califórnia, enfrentando "mil e um perigos" de toda a espécie. Mais uma vez, Derib exalta a paisagem, situando os dramas dos homens em plena natureza, umas vezes hostil, outras vezes acolhedora.
Após a conclusão dessa história, Derib e Greg começam a produzir, em 1972, a famosa série, personificada pelo herói "Buddy Longway". Ao conceber a personagem de "Buddy Longway", Derib confirma a sua paixão pelo desenho, pelo "western" e, em particular, pelos cavalos. Todos estes aspectos concorrem e contribuem para o êxito de uma série que rapidamente se converteu num clássico da narrativa por imagens.
A partir de 1978, a série "Yakari" também aparece publicada na revista "Tintin". Além da colaboração nesta revista, Derib também colabora na revista "Achille Talon", onde desenha a história "Os Ahlalaiis", com argumento escrito por Greg. Em 1981, Derib produz um "western", com o título "Aquele que nasceu duas vezes", o qual pode ser considerada a obra-prima de Derib.
Durante a década de 80, Derib começa a produzir banda desenhada mais substancial e, socialmente, mais motivadora. Assim, em 1981, Derib cria um álbum de banda desenhada, sobre a SIDA, com o título "Jo", cujo tema nunca antes havia sido publicado em banda desenhada. Em 1985, Derib produz dois outros álbuns de banda desenhada, um sobre o problema da prostituição, com o título "Pour toi, Sandra", e outro em que descreve a violência, com o título "No limits".
Derib também produziu uma impressiva série (em 6 partes), sobre o estilo de vida dos indígenas/nativos americanos, com o título "A grande saga indiana". Além disso, produziu um outro "western" do tempo presente, com o título "Estrada vermelha", tendo, igualmente, colaborado em vários álbuns colectivos.
Bem conhecido pela sua banda desenhada humanista, combinando o realismo com o humor, e pelos seus vários
projectos do género "western", Derib é, hoje em dia, considerado um dos grandes artistas
e criadores da banda desenhada europeia e, indiscutivelmente, a maior figura e personalidade da banda desenhada
suíça.
Contribuição de Alexandre Ribeiro