JOE KUBERT


O filho de imigrantes poloneses Joseph Kubert nasceu em 12 de outubro de 1926, na Inglaterra . Mas, ainda com poucos meses de vida, mudou-se com sua família para os Estados Unidos , onde foi criado no Brooklyn , NY .

Com um talento precoce, conseguiu publicar seu primeiro trabalho com apenas 11 anos de idade. A HQ ficou conhecida como Volton e saiu pela Cat Comics , do editor Harry Chesler .

Já com 12 anos, seu contato com o mundo dos quadrinhos foi maior... e ENTRE os maiores: trabalhando para o estúdio do mestre Will Eisner . Mas seu começo, apesar do talento, não foi tão fácil de ser posto em prática. No estúdio de Eisner , suas funções eram varrer o local e, quando muito, apagar as marcas de lápis no trabalho dos artefinalistas. Mas esse contato foi vital para que pudesse assimilar muito dessa arte. Além do que, suas influências não negavam qualidade em seus futuros trabalhos. Sempre foi fã confesso de ícones como Hal Foster , Alex Raymond e Milton Canniff .

Ao servir o exército, teve contato com revistas em 3D, que eram distribuídas com óculos especiais, publicadas na Alemanha . Ficou impressionado com a técnica.

De volta aos Estados Unidos, em 1952, uniu-se ao amigo Norman Maurer e deciciu fazer algo parecido. Com isso criou a primeira revista em quadrinhos em terceira dimensão de que se tem notícia, com o personagem Might Mouse (conhecido no Brasil como Super Mouse ). A novidade vendeu impressionantes um milhão e duzentas mil cópias, deixando Joe Kubert em excelente situação financeira.

Sua fama e talento, então, já eram conhecidos. Isso possibilitou que desenhasse, ainda na década de 50 aquele que considera seu personagem preferido, Tor . Não se trata do deus nórdico do trovão (a moda do que é publicado pela Marvel Comics ) mas uma espécie de Tarzan situado na época dos homens das cavernas.

Na década de 60, seus trabalhos começaram a aparecer em vários jornais como o New York Daily News , o The Chicago Tribune , o Los Angeles Times , entre outros. Destaca-se, desse período seu trabalho de ilustração para o romance de Robin Moore , chamado " Tales of The Green Beret ", para o Chigago-Tribune .

Na década de 70 surgiu a oportunidade que lhe daria sua fama internacional. A revista do Tarzan , na época publicada pela DC Comics , já não via seus sucessos de tempos passados, quando brilhou nos traços de Hal Foster , Burne Hogarth e Russ Maning . O próprio personagem já se encontrava descaracterizado.

Joe Kubert revitalizou a série tanto pelos desenhos quanto pelos roteiros. A linha seguida retomou as idéias originais de Edgar Rice Burroughs . Mas foi o traço de Kubert que chamou atenção dos leitores. O realismo usado para se desenhar os animais selvagens era impressionante (não só para a época, mas se analisados hoje em dia). Esse capricho todo se deve a um intenso trabalho de pesquisa sobre anatomia animal. Uma pesquisa que envolveu muito material fotográfico, além de inúmeras visitas a zoológicos e museus de história natural.

Em 1976, com seu nome definitivamente consolidado no mundo dos quadrinhos, Kubert decidiu uma inédita empreitada. Fundou assim a Joe Kubert School of Cartoon Art , em Nova Jersey , uma espécie de escola de quadrinhos. Seu fundador no entanto, não fazia a menor idéia se isso ia dar certo. Afinal, era a única do gênero nos Estados Unidos , uma escola incomum que poderia sofrer até preconceitos dos mais acadêmicos. O seu toque de ouro para negócios empreendedores novamente se mostrou afinadíssimo. A escola, que comporta 150 alunos, e tem 10 salas, tournou-se uma referência internacional e formou nomes hoje famosos dos quadrinhos como Rick Veitch , Steve Bissete , Tim Truman , Tom Mandrake , Jan Duursema , entre outros.

Até aqui, Joe Kubert já acumulava (com louvor) os títulos de desenhista, editor, editor de arte e professor. Só na DC Comics , ocupou o cargo de editor durante 25 anos!

Apesar de ser muito conhecido dentro do universo de personagens de ação e aventura como Ás Inimigo , Tor , Tarzan , Sargento Rock , Gavião Negro , Senhor Destino , Joel Ciclone , entre outros, a arte de Kubert era muito mais abrangente e abordava temas mais sérios.

Na década de 90, seu amigo pessoal, Ervin Rustemagic , encontrava-se em uma situação muito delicada. Ervin e a família ficaram isolados em Sarajevo entre os conflituosos anos de 1992 e 1994. Com a região praticamente devastada pela guerra, a comunicação com o amigo na América só era possível através de um fax. Foram várias e várias cartas enviadas dessa maneira. Kubert , assim como o mundo, ficava estarrecido com as notícias sobre as barbáries que aconteciam a volta de seu amigo. E não só pela amizade, mas por uma obrigação para com o mundo, o desenhista viu a necessidade de divulgar o que estava acontecento. Foi assim que, em 1996, surgiu o especial em quadrinhos Fax From Sarajevo .

Durante a produção desse especial, também surgiria uma hq de Kubert que se tornaria um marco na história dos quadrinhos. Em 1993, o desenhista foi um dos convidados para a Bienal dos Quadrinhos no Brasil . Nesse evento, Kubert teve contato com um dos mais importantes criadores e editores de quadrinhos da Itália , Sergio Bonelli .

A Bonelli Editore , que tinha como seu carro chefe o personagem de faroeste Tex , a muito tinha planos de entrar no gigantesco mercado americano de quadrinhos. Quando encontrou Kubert , Bonelli propôs ao lendário desenhista uma edição especial com Tex . Kubert , sempre disposto a novidades, aceitou a proposta do colega.

O tempo passou, passou e passou. Kubert , felizmente, estava cheio de novos projetos, além da administração de sua agora famosa escola. E o tempo continuou passando... Tex não foi esquecido, mas o ritmo que a produção seguia... O desenhista começou a se sentir constrangido. Chegou a propor para Bonelli a devolução em dinheiro como pedido de desculpas pela demora. O editor italiano, por outro lado, tinha um bom faro e deixou o especial ser terminado, levasse o tempo que fosse. Em 2001, finalmente, era publicado o especial de Tex com desenhos de Kubert . O sucesso não veio só entre os americanos, mas foi destaque na mídia também.

Outros sucesso de Kubert ainda viríam a fazer sucesso tanto nos Estados Unidos, quanto pelo mundo. Seu personagem Abraham Stone , publicado pelo selo Epic , foi distribuído pela Europa. Em 2001, foi o desenhista do primeiro número de uma brincadeira da editora DC Comics : eles convidaram Stan Lee , o criador do universo Marvel , eterno concorrente editorial, para recriar seus principais ícones, com uma visão pessoal. O escolhido para o primeiro número, foi uma versão muito particular de Batman . Desenhos de Kubert . Além disso, ele continua desenhando para a revista do exército americano, do mesmo modo que mestres como Will Eisner tão bem fizeram no passado. E acabou retomando o personagem Sargento Rock , para um especial do selo Vertigo , com história escrita pelo renomado Brian Azzarello , no qual demonstra que o sucesso de antigamente (tanto do personagem quanto de sua arte para com ele) continua encantando os leitores de hoje.

O desenhista preparou novas gerações para o futuro dos quadrinhos. E não só pelos talentosos alunos que se formaram em sua escola (um deles, hoje professor da mesma, é o brasileiro Sérgio Cariello ). Essa nova geração, surpreendentemente, veio com a dupla Adam Kubert e Andy Kubert , filhos de Joe , que são dois dos mais requisitados desenhistas da editora Marvel.

O nome Kubert marcou a história dos quadrinhos. História essa que, como podemos perceber, está muito longe de terminar.

Contribuição de Dark Marcos