Jacques Martin (Nautilus Éditions, 2001 a partir da Editora Casterman)

JACQUES MARTIN
STRASBOURG - FRANÇA
(25/09/1921 - ?)

Desde muito cedo que se apaixona por Arte (Clássica), História e Banda Desenhada, tendo sido influenciado, na sua juventude, pelos romances de Gustave Flaubert, nomeadamente, "Salambô". Estas três paixões viriam a revelar-se absolutamente decisivas na escolha da sua profissão futura. Apesar de ter concluído os seus estudos na área da engenharia e de ter chegado, inclusivamente, a exercer, como engenheiro, na Bélgica, inicia a sua carreira de desenhador aos 25 anos. Com efeito, em 1946, contacta com editores belgas e trabalha para a agência técnica de publicidade belga, onde conhece Henri Leblicq, com o qual colabora durante um ano, adoptando ambos o pseudónimo comum "Marleb". Já antes, em 1942, ano da sua estreia, publicara "As aventuras do jovem Toddy", usando o pseudónimo "Jam". Terminada a colaboração com Henri Leblicq, continua a utilizar, só para si, aquele pseudónimo durante mais alguns anos, até 1950.

No período compreendido entre 1946 e 1948 cria e publica histórias de banda desenhada de grande realismo e sentido de humor, tais como, os títulos (original francês): "Le Hibou Gris" (1946), "Le Sept de Trèfle" (1946), "La Cité Fantastique" (1948). Colabora também para a revista "Bravo", contribuindo com os títulos (original francês): "Monsieur Barbichou" (1946), "Lamar l'Homme Invisible" (1947) e a série de aventura "Oeuil-de-Perdrix" (1947).

Em 1948, inicia a sua colaboração na revista "Tintin", criando a série de grande sucesso "Alix", que relata as aventuras do seu mais famoso herói de todos os que criou. As histórias do jovem gaulês, tornado cidadão romano, e que explora, no ano 50 A.C., todos os países conhecidos, depressa se tornaram numa das mais populares e bem sucedidas séries do género, publicadas no mundo inteiro e traduzidas nas mais diversas línguas.

Em 1952, cria outra grande série de aventuras, através do seu novo e igualmente famoso herói do mundo contemporâneo, o jornalista/repórter "Guy Lefranc", contando com a colaboração, em vários álbuns, de grandes desenhadores (Bob de Moor, Gilles Chaillet e, por fim, Christophe Simon). Por esta altura, Jacques Martin é já um dos grandes mestres da banda desenhada clássica, rodeando-se de assistentes e colaboradores talentosos, os quais adoptam o seu desenho claro e preciso, perpetuando aquilo que se apelidou e bem de "A Escola de Jacques Martin".

O Universo dos Heróis de Jacques Martin. (Editora Casterman, 2000)

Durante quase 20 anos, entre 1953 e 1972, trabalha para o estúdio Hergé, enriquecendo aí, na colaboração com Hergé e outros artistas, ainda mais a sua já vasta experiência, tornando-se a partir daí um dos grandes autores da escola belga de Bruxelas, juntamente com Hergé, E. P. Jacobs e Bob de Moor. A sua vasta obra caracteriza-se por álbuns muito bem documentados, próximos da realidade histórica, mas igualmente divertidos que podem ser excelentes suportes para descobrir e tentar compreender as civilizações às quais eles se referem (Egipto, Babilónia-Mesopotâmia, Grécia, Cartago, Jerusalém, Pompeia, Roma, etc.).
Jacques Martin criaria ainda mais quatro séries, em que cada um dos respectivos heróis representa uma época bem definida da História Universal: 1978 - "Jhen" (Idade Média), ilustrado por Jean Pleyers ; ainda em 1978 - publica o título (original francês): "L'Ogre Rouge", ilustrado por Paul Cuvelier ; 1983 - "Arno" (Época Napoleónica), ilustrado por André Juillard, Jacques Denoel e Christophe Simon ; 1990 - "Orion" (Grécia Antiga), ilustrado, a partir do 2º álbum, por Christophe Simon ; 1991 - "Keos" (Egipto Antigo), ilustrado por Jean Pleyers.

Em 1998, devido a problemas de visão, Jacques Martin deixa de poder assegurar a ilustração de Alix, passando o seu assistente Rafael Morales a fazê-lo, nos 2 últimos álbuns. Até ao presente momento, Jacques Martin e seus colaboradores produziram 22 álbuns de Alix (o último dos quais em 2001), 14 álbuns de Lefranc (o último em 2000), 8 álbuns de Jhen, 7 álbuns de Arno, 3 álbuns de Orion e 3 álbuns de Keos. A juntar a esta incrível longevidade e capacidade de produção, há ainda a acrescentar, 2 álbuns com o título "A Odisseia de Alix" e uma série de outros álbuns (ilustrados por vários colaboradores) com o título genérico "As Viagens de Alix", retratando e descrevendo, cada um deles, as viagens de Alix pelo Mundo da sua época: Roma, Grécia, Égipto, Cartago, Jerusalém, Pompeia, Babilónia - Mesopotâmia, etc.

Contribuição de Alexandre Ribeiro