EDDY PAAPE
BÉLGICA
(3/7/1920 - ? )
Nascido na Bélgica, em 1920, Eddy Paape é um dos grandes criadores e desenhadores da banda desenhada
franco-belga do século XX, tendo criado, entre outras séries, a famosa série de ficção
cientifica personificada pelo herói "Luc Orient". Paape iniciou a sua carreira num pequeno estúdio
belga de animação, começando a trabalhar com desenhos animados, tendo aí conhecido
André Franquin, Morris e Peyo, os quais também estavam a desenvolver as suas primeiras experiências
como desenhadores.
Estes autores, mais tarde, apresentam Paape às publicações Dupuis, tendo este começado
a trabalhar para a editora, através da execução de algumas ilustrações para
capas da revista "As boas noites". Ao mesmo tempo que desenvolvia esta actividade, colaborava como assistente
de Jigé, na produção da história "Emmanuel".
Em 1946, um ano após o estúdio de animação ter fechado, Eddy Paape já desenhava para a revista "Spirou", trabalhando aí com famosos argumentistas, como Jean-Michel Charlier e Yvan Delporte. O seu primeiro trabalho importante de banda desenhada nesta revista foi a continuação da ilustração da série de detectives "Valhardi", até 1954, tendo Jijé escrito o argumento. Apesar de Paape ter realizado um grande trabalho nesta série de detectives, apenas algumas das suas histórias foram publicadas em álbuns.
Como membro do Sindicato da Imprensa Mundial "Georges Troisfontaine", Eddy Paape ilustrou os primeiros episódios da famosa série "As belas histórias de L'Oncle Paul", tendo também colaborado como assistente de Hubinon, nas séries "Buck Danny" e "Surcouf".
Entre 1958 e 1967, juntamente com o argumentista Jean-Michel Charlier, Eddy Paape desenha a sua primeira verdadeira série, "Marc Dacier", na revista "Risco Completo". A princípio, Paape sente-se ainda fortemente influenciado no seu trabalho por Hubinon, mas ao longo do tempo vai adquirindo o seu próprio estilo particular. Durante todos estes anos em que esteve na revista "Spirou", Paape também trabalhou para as revistas "Record" e "Pilote".
Em 1966, Eddy Paape deixa a revista "Spirou" e as edições Dupuis, entrando para a revista "Tintin" e para as edições du Lombard, convidado por Greg. Aí, após ter desenhado algumas curtas histórias, obtém o seu primeiro grande êxito e produz a sua mais famosa banda desenhada, em 1967, através da criação e ilustração da série "Luc Orient", cujo argumento é escrito por Greg. Estas aventuras constituem uma apaixonante série de ficção científica inspirada na famosa série "Flash Gordon", criada por Alex Raymond.
Com efeito, a série "Luc Orient" resultou numa excelente e bem sucedida adaptação, para as décadas de 70 e 80, daquela famosa série americana, criada em 1934, sendo, na verdade, uma justa homenagem rendida a Alex Raymond. Escusado será dizer que a série "Luc Orient" rapidamente alcançou o estatuto e a categoria de série de culto em muitos países, tendo sido publicados, no total, 18 álbuns, o último dos quais em 1994.
Apesar de ter continuado a criar outras séries e a desenhar várias histórias de qualidade para a revista "Tintin", Eddy Paape não conseguiu repetir o êxito e o sucesso que havia obtido com a série "Luc Orient". Entre outras, destacam-se as seguintes séries criadas a seguir ou paralelamente à série "Luc Orient": "Jeux de Toah" (em 1969, com argumento de André-Paul Duchâteau), "Tommy Banco" (em 1970, com argumento de Greg), "Yorik das tempestades" (em 1971, com argumento de André-Paul Duchâteau), "Udolfo" (em 1978, com argumento conjunto de André-Paul Duchâteau e Andreas).
Entre 1961 e 1976, Eddy Paape foi professor no prestigiado Instituto "Saint-Luc de Tournai", em Bruxelas, ensinando a difícil mas fascinante arte do desenho em banda desenhada.
Entre os seus últimos trabalhos, destacam-se as séries "Johnny Congo", (com argumento
de Greg) e "Detective Carol" (com argumento de André-Paul Duchâteau) e a história
"Os jardins do medo" (com argumento conjunto de Jean Dufaux e Sohier).
Contribuição de Alexandre Ribeiro