"ESPAÇO: 1999"
Série televisiva britânica de ficção científica
"Base Lunar Alfa, 1999"
(origem: Inglaterra, 1975)
(chega a Portugal em 1977)


Em 1977 estreou na televisão portuguesa (na altura, ainda a preto e branco) uma extraordinária série de ficção científica intitulada "Espaço: 1999". Esta série constituiu um verdadeiro acontecimento televisivo, pois, até então, e (atrever-me-ia mesmo a afirmar) desde então, foi a melhor série de ficção científica que passou na televisão portuguesa. Até Start Trek, outra série famosa, ficou eclipsada porque quando chegou a Portugal já estávamos habituados à superioridade técnica de Space: 1999.

Com efeito, esta fantástica saga espacial britânica dos anos 70 (criada e produzida, em 1975, pelos produtores ingleses Gerry e Sylvia Anderson) ofereceu, a todos os telespectadores da época, que tiveram o privilégio e o prazer de a ver (aos sábados ao fim da tarde), um verdadeiro espectáculo de efeitos especiais e visuais.

Entusiasmados pela série televisiva, milhares de jovens da altura fizeram a respectiva colecção de cromos com o mesmo nome, editada e distribuída pela Agência Portuguesa de Revistas. A colecção era constituída por 400 cromos (numa caderneta de 48 páginas) alusivos a 12 dos 24 episódios que constituíram a 1ª série do "Espaço: 1999".

Esta extraordinária saga espacial começa no dia 13 de Setembro de 1999, quando os resíduos nucleares armazenados no solo lunar explodem, provocando uma catástrofe cósmica que projecta a Lua para fora da órbita terrestre e a lança no espaço. É a partir deste momento que os 311 membros de uma base militar e científica instalados na "Base Lunar Alfa" iniciam uma longa viagem rumo ao desconhecido, vendo o planeta Terra afastar-se deles definitivamente.

Iniciava-se, assim, uma série televisiva que iria alcançar um enorme sucesso e popularidade em Portugal, com as aventuras, peripécias e perigos vividos pelos habitantes da "Base Lunar Alfa" a serem seguidas, com enorme interesse e entusiasmo, pelas famílias portuguesas e, em particular, pelo público mais jovem. A série "Espaço: 1999" constituiu-se, na verdade, numa série pioneira no que diz respeito ao género de ficção científica e a temas relacionados com as formas de vida e os mistérios que o espaço e o universo encerram, tudo isto acompanhado por efeitos especiais fabulosos para a época com cenários notoriamente inspirados no filme 2001: A Space Odyssey.

Os dois principais protagonistas da série são o comandante da "Base Lunar Alfa", John Koenig e a chefe da secção médica, Dra Helena Russel, interpretados, respectivamente, pelo actor Martin Landau e pela actriz Barbara Bain. John Koenig é um famoso astrofísico, piloto e astronauta e possui, de facto, todas as qualidades técnicas e humanas para ser um chefe e líder.

John Koenig, juntamente com a restante equipa constituída por técnicos especialistas nas mais variadas áreas, engenheiros, pilotos e habitantes da base, vão enfrentar os mais variados perigos e ameaças, contra inimigos, que ora assumem a forma humana, ora se apresentam na forma de estranhas forças, energias e matérias tão desconhecidas quanto mortais, vindas de outros planetas, estrelas, galáxias, enfim, do universo vasto e desconhecido onde a Lua vai penetrando na sua viagem interminável.

Inspirada nesta série, e para além da edição de uma colecção de cromos a que já aludimos atrás, também foi editada, em 1978, através da editora Campo Verde, uma revista juvenil de banda desenhada com o título "TV Júnior", a qual incluía, precisamente aventuras do "Espaço: 1999".

Já recentemente, em 2003, a Carlton editou a série "Espaço: 1999" em DVD (duas séries/2 packs, cada um constituído por 24 episódios em 6 discos), distribuída pela Prisvídeo.

Para concluir lembramos que os episódios eram carregados de acção e suspense em que os espectadores raramente sabiam o que se estava a passar e nunca conseguiam prever o fim. Os cenários eram exuberantes e de grande perfeição técnica. A única coisa negativa na série era o pouco drama humano: os personagens pareciam mais máquinas em luta contra o universo do que pessoas preocupadas com as banalidades do dia-a-dia. Mas os jovens espectadores também não estavam interessados em perder tempo a ver comportamentos humanos tal como as cenas de bar na série Star Trek.

Contribuição de Alexandre Ribeiro
Revisto por José Oliveira