André-Paul Duchâteau (Le Lombard, 1997)

ANDRÉ-PAUL DUCHÂTEAU
BÉLGICA
(8/5/1925 - ?)

André-Paul Duchâteau é, incontestavelmente, um dos mais versáteis e imaginativos argumentistas/escritores da banda desenhada franco-belga. Com efeito, ao longo da sua vasta e rica carreira, Duchâteau escreveu os mais variados argumentos para banda desenhada, televisão, rádio e teatro, tendo, escrito, ainda, imensos romances policiais e de detectives. É assim que, após ter escrito alguns romances daquele género, Duchâteau começa a escrever também os seus primeiros argumentos de banda desenhada, para diversas revistas, tais como, "Bravo" (em 1948), "Jornal do Mickey" (em 1950) e "Spirou" (em 1952).

Entretanto, em 1951, André-Paul Duchâteau começa a trabalhar com o desenhador Tibet, naquela que se viria a tornar numa longa e profícua colaboração, até aos dias de hoje. As primeiras histórias de banda desenhada resultantes do trabalho conjunto destes dois artistas são publicadas nas revistas "Tintin" e "Ons Volske". A estas histórias seguir-se-ão as famosas séries protagonizadas pelos heróis, o jornalista-detective "Ric Hochet" (a partir de 1955) e o cow-boy "Chick Bill" (a partir de 1953), tendo sido publicados, até 2003, através das edições du Lombard, o incrível número de 64 (!) álbuns de cada um desses famosos heróis, tendo, inclusivamente, os álbuns de Ric Hochet, sido publicados e traduzidos em 15 países.

Na década de 60, Duchâteau intensifica a sua actividade, escrevendo diversos argumentos para vários desenhadores, como Mittei (série "Os 3A"), Aidans (série "Bob Binn"), Parras (série "Comissário Marin") e Eddy Paape (série "Os jogos de Toah"). Da sua colaboração com Christian Denayer, resultaram as séries "Yalek", o piloto "Alain Chevallier" e "Al & Brock: Les Casseurs" (no original francês).

Na década de 70, Duchâteau sucede a Jean Van Hamme como argumentista do desenhador Géri (série "Mr Magellan") e continua a escrever argumentos para diversos artistas, tais como, novamente, Eddy Paape (série com o famoso herói "Luc Orient" e a série "Yorik das tempestades"), Cosey (série "Monfreid e Tilbury"), MiTacq (série "Stany Derval"), Follet (série "Valhardi") e Pleyers (série "Tiger Joe").

Na década de 80, Duchâteau lança novas séries com outros ilustradores, tais como Grzegorz Rosinski (com a saga de ficção científica "Hans"), Patrice Sanahujas (séries "Serge Morand" e "Chancellor"), Vance (série "Bruce J. Hawker") e Xavier Musquera (série "Peggy Press"). Já no final da década de 80, mais concretamente em 1989, torna-se editor literário das edições du Lombard, tornando-se também responsável pela colecção "Detectives BD" das edições Lefrancq, para a qual escreve várias adaptações em banda desenhada, a partir de romances de detectives, entre os quais os de Sherlock Holmes.

Na década de 90, Duchâteau continua a fazer adaptações em banda desenhada de escritores como Mik Fondel ("Les Galapiats de la Rue Haute", com ilustração de Didier Desmit) e John Flanders ("Edmund Bell", com ilustração de Raoul Giordan). Inicia, igualmente, novas séries, como "Wilt", com desenhos de Yves Urbain e "Detective Carol", com desenhos de Eddy Paape. Este gosto e talento que André-Paul Duchâteau revela para a escrita e adaptações de histórias policiais, é reconhecido e recompensado, ao ganhar o Grande Prémio da Literatura Policial de Paris, com o romance,"Das 5 às 7 com a Morte".

Na verdade, é caso para perguntar quando é que Duchâteau irá terminar a sua longa e brilhante carreira, a qual parece, de facto, não ter, para já, fim à vista, tal a regularidade com que Duchâteau faz surgir novas séries e produz constantes adaptações de obras, já para não falar das histórias de Ric Hochet, cujos álbuns, sempre renovados e imaginativos, não param de nos surpreender, provando, sem dúvida, que os grandes heróis não envelhecem e são eternos.

Contribuição de Alexandre Ribeiro